Se atente aos sinais, isso faz toda a diferença

Tentei ao máximo procurar algum tema relevante para esse texto, fui em busca de algo que me desse alguma inspiração, uma luz, ou simplesmente um sinal do que eu deveria escrever depois de uma semana totalmente complicada.

Fechei os olhos na expectativa de que algum sonho viesse e me atingisse mas não tive sucesso. Foi então que um diálogo preencheu meus pensamentos. Um diálogo que eu evitava reviver a meses mas que já estava na hora de encará-lo. Lembro de olhar para o nada e deixar com que a voz que proferiu essas palavras entrasse nos meus ouvidos e chegasse ao meu consciente. Era a primeira vez que me permitia uma tortura dessa chegar até minha mente. A expectativa era de dor e sofrimento, mas foi algo suave e leve.

Depois de passar alguns minutos repetindo cada palavra, achando a entonação original da fala e recordando minha reação após toda aquela conversa, me revi naquela cena e percebi o quanto aquilo me doeu e o quanto, hoje, sou grata pelas mesmas palavras.

Eu havia passado um grande período realizando as atitudes mais puras que meu coração podia concretizar. Talvez alguns tropeços me impediram de ir ainda mais longe, mas quer mesmo saber? Eu estava dando o meu melhor e tudo que havia feito até então tinha saído do lugar mais sincero que conheço: o meu coração.

Agora continuo fazendo isso, mas direcionando as energias para alguém que se entregou a ponto de aceitar toda a tempestade que corria em minha volta. E olha que essa tempestade quase derrubou a gente.

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Estou agradecendo por aquele diálogo e devo a ele toda a vida que comecei a construir de uns messes para cá.

A gente passa tanto tempo se afogando nas nossas mágoas e imaginando como as coisas poderiam ser diferentes, ficamos tão cegos diante da realidade que não paramos (nem por um segundo) para pensar se aquela experiência e, no meu caso aquele diálogo, serviu de aprendizado.

Tanta coisa que passa na nossa frente e que só aprendemos a observar quando já é tarde demais, e a teoria do tudo tem seu tempo se desfaz completamente. Os sinais estão aí, em todo lugar, nas atitudes, nas palavras, basta você se atentar a eles.

Jamile Ferraz

Jamile Ferraz Jornalista, mas gosta mesmo é de romance barato. Virginiana com vida profissional, mas nunca conseguiu tomar um rumo na vida pessoal. Acredita em destino, mas nem tanto. Apaixonada por livros, cinema e a música é como combustível. Um dia vocês vão ouvir falar de mim.

Permita que a tristeza te faça feliz

Sabe por que a tristeza é triste? Por causa de você – e de mim, também. Nós fugimos tanto dela, a transformamos tanto nesse monstro desprezível e errado de sentir dentro do coração que de maneira alguma ela poderia ser diferente.

Já a alegria não, ela é sempre exposta, gritada e declarada em cada foto no Instagram ou em cada status atualizado no Facebook. Vai ver é por isso também que nós ainda nos irritamos tanto com a felicidade alheia, né? Mas por que cargas d’água definiram um sentimento como bom e outro não? Cada um tem o seu papel dentro de nós e cada papel é essencial para sermos quem somos.

Desde criança, os meninos são instruídos a “engolirem o choro” porque isso é coisa de menina. E nós, mulheres, quando desaguamos pelos olhos logo ouvimos “está de TPM?” ou “para de mulherzice”. Mas, oras, quem foi que inventou que aceitar e demonstrar a tristeza é errado?

Da mesma maneira que a felicidade nos proporciona lembranças de ouro – a primeira vez que você sentiu um frio na barriga por alguém, ou a primeira vez que você viu um show da banda da sua vida, ou, então, aquele sábado à noite em que você não ia sair de casa e, em um piscar de olhos, se transformou no melhor dia da sua vida – e que carregaremos eternamente, a tristeza também é quem nos leva a sentir a felicidade mais intensamente e a fortalecer cada pedaço de quem realmente somos.

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Ou vai me dizer que os meses de luto após o término de um namoro que você costumava considerar como o amor da sua vida, ou a cada vez que a vida te derrubou só pra te deixar mais forte e mostrar que, talvez, outro caminho foi feito pra você, não te trouxe ensinamentos mais valiosos do que aqueles que aprendemos enquanto sorrimos?

É lindo ser feliz e não carregar um sentimento de que falta algo na sua vida, mas é mais lindo ainda você se aceitar tanto, aceitar todos os seus sentimentos, a ponto de molhar o seu travesseiro à noite e mostrar ao mundo seus olhos inchados de uma noite mal dormida.

Então o meu conselho para todos aqueles que fogem diariamente das batalhas travadas com as suas infelicidades interiores é uma só: aceite, deixe os olhos transbordarem até inundar o seu coração e, acredite, serão esses dias escuros e cinzas que farão você chegar aos pores-do-Sol alaranjados em frente ao mar.

Sabe por quê? Porque um sentimento só vai embora depois de transbordar. Enquanto você engolir o choro e acreditar que você tem que ser feliz todos os dias da sua vida, você vai ser tudo, menos feliz.

Carla Oliveira

Carla Oliveira Jornalista por formação, apaixonada pelos encantamentos diários por destino. Há 23 anos tenta escapar dos sentimentos, mas sem eles fica sem sentido. O cheiro que mais gosta é aquele teu que gruda na pele dela. Ah: canceriana, intensa, extremista e chata.

Quando alguém te virar as costas, não fique parado

Me recordo de ter recebido muitos nãos nessa trajetória (não tão curta) de 21 anos, lembro de ter ouvido que eu não seria capaz de muita coisa, que hoje, faço com tamanha perfeição. Ouvi que não seria jornalista, não teria nível para almejar alguém com uma classe social maior que a minha, já me pediram para sair de um lugar pelo simples fato de eu estar sendo eu.

Hoje esse texto é nada menos que a minha revanche. Me derrubaram e, quando eu estava no chão, pisaram em mim. Mas eu levantei amigos. Sobrevivi, me ergui e agora, quem quer falar, sou eu.

É um pouco egoísta pensar nas minhas frustrações para compor essas palavras que vão chegar até vocês, mas acredito que algum sentimento de revolta e não aceitação da injustiça cometida no mundo vai se fazer presente nos corações de vocês.

Poder estar onde estou, nesse exato momento, é só uma das pequenas provas que a vida se encarregou de esfregar na cara de muita gente que dirigiu o olhar para mim e distorceu totalmente a ideia de quem eu sou.  Conversei com tanta gente nesse mundo que não me faltam histórias para contar, passei dias, meses, buscando nos livros respostas para analogias criadas na cabeça de alguém que estava prestes a aceitar os fatos da vida como um sinal de que o fracasso era o meu destino.

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Conheci uma garota tão espetacular que me motivou a ser melhor. E eu fui, por mim e por ela, e sabe o que ela fez? Me virou as costas. Eu a vi saindo da minha vida e cada passo que ela dava se distanciando de mim, mais eu sentia que aquela lição do universo que “era para ser você, e era pra ser você agora, e aqui” era a maior mentira. Porque ela me virou as costas me amando e eu fiquei ali amando ela.

Será mesmo que ela acreditava em todo meu potencial? Será que ela acreditava que hoje eu estaria escrevendo para algumas empresas e falando em nome delas? Será que o cara que me viu pela primeira vez e me tirou as expectativas sabe que hoje eu escrevo porque, cara, eu tenho o maior conteúdo?

Peço desculpas pela rebeldia da publicação de hoje, por conter nessas palavras toda a raiva que carrego do mundo, mas sejamos honestos, quem é que não viu as costas de alguém se afastando da gente e naquele exato momento nossa ideia de felicidade se distanciava junto?

Os mesmos “nãos” que eu tomei por duas décadas me fizeram repensar se aquelas pessoas sabem do meu caráter, do meu potencial ou será que existe algum nível entre a linha tênue do amor e do carinho?

O fracasso só vem para quem atrai e eu escolhi tapar a boca de muita gente que desdenhou do meu empenho, me julgou pelo meu estilo, me caracterizou pela minha condição social. E aqui está minha assinatura, vocês vão ouvir falar de mim.

Jamile Ferraz

Jamile Ferraz Jornalista, mas gosta mesmo é de romance barato. Virginiana com vida profissional, mas nunca conseguiu tomar um rumo na vida pessoal. Acredita em destino, mas nem tanto. Apaixonada por livros, cinema e a música é como combustível. Um dia vocês vão ouvir falar de mim.

Um Eu Sem Você #5 – 8 de Outubro

Hoje eu acordei mais leve. Não leve o suficiente para achar que tudo está bem novamente, mas suficientemente leve para levantar da cama. Sem dúvidas, minha pequenina flor de Liz consegue trazer calma e paz pro meu coração tão bagunçado.

Antes de ir ao trabalho, passo na farmácia para comprar um remédio que alivie as emoções e palavras não ditas que ficam constantemente presas na garganta. Olho pra uma prateleira e vejo um pacote de Oreo, e meu único pensamento é da última vez que te visitei e você havia comprado várias bolachas e as devorou. Enquanto espero na fila do caixa, quase me esqueço do mundo ao meu redor pensando em você.

Durante a travessia de ruas, me perco em pensamentos escuros e começo a te imaginar com outros. Outros sentindo seu cheiro, seu gosto, seu beijo, seu toque, seu carinho… Outros sentindo tudo que um dia você me fez sentir. Tudo que, por pura inocência, pensei ter e poder passar o resto da vida tendo.

No segundo seguinte, me pego pensando nos pequenos planos que já estávamos montando: a festa de um amigo na minha cidade, o show da Banda do Mar na sua cidade, a HoliFest em São Paulo… E, como se meus pensamentos não fossem suficientemente esmagadores, constantemente recebo notificações no Facebook sobre todos eles.

Tantas coisas viraram passado antes mesmo de acontecerem que chego a conclusão de que deveria ser proibido relacionamentos terminarem até todos os planos se concretizarem. A ideia de nunca poder ter um terço do que sonhei é o que mais dói.

Há uns dias, assinei para receber notificações de uma página do Facebook (a Razões para Acreditar, sabe?). E em uma dessas notificações, recebi uma matéria sobre uma menina com autismo que tem como animal terapêutico um gato. Ao ler a reportagem toda, uma parte de mim se despedaça por não poder dividir isso com você.

No almoço, vou ao Shopping. Mesmo sem nunca ter pisado lá com você, eu te enxergo em todos os lugares. Compro um presente pra minha sobrinha com uma colega de trabalho e tudo o que eu sinto é a vontade de que fosse você ali, comigo. Ou, ao menos, nas mensagens. Passo de loja em loja e tudo o que eu consigo ver são calças. O seu vício entrou nas minhas retinas e onde quer que eu olhe, te vejo.

Durante minha rotina de trabalho, acabo sempre entrando no seu perfil do Facebook. A saudade já está gigante e eu preciso te ver. Olho suas fotos e sinto vontade de sorrir. Acho incrível a capacidade de, mesmo com todo o caos no nosso mundo, você conseguir mexer com os cantos dos meus lábios assim, sem pretensão alguma e nenhum esforço. Meus olhos ficaram viciados em você e toda vez que os fecho, é você bem perto de mim que eu enxergo.

Fico pateticamente seguindo seus passos em todas as redes sociais e aplicativos que posso. É como se eu precisasse saber de você, seja da forma que for. Vez ou outra, acabo sempre presenciando algo que mexe com minhas estruturas e aumenta o medo de te perder. Mas o que eu posso fazer? Eu prefiro imaginar, “paranoiar” ou saber do que simplesmente agir como se eu nunca tivesse te encontrado.

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Sua vida ainda é a pauta principal da minha. Como jornalista, eu vou em busca das informações necessárias para poder continuar escrevendo essa história.

Hoje à noite, por exemplo, tem eclipse e me pergunto se você sabe disso. Na pista para Limeira, olho a Lua com sua beleza natural e avermelhada e tudo o que eu queria era poder tentar fotografá-la e mandar pra você. E mais: queria te pedir que olhasse-a comigo, onde você estivesse.

Na casa da minha vó, acabo assistindo à novela e, mais uma vez, penso em você, dquele sábado no sofá da sua casa, vendo TV ao teu lado. Algo que era tão simples no momento, mas que hoje eu daria o mundo para poder reviver. Nós humanos somos assim, né? Deixamos os pequenos – e grandes – momentos passarem despercebidos e só nos damos conta da sua imensidão depois que eles se perdem conforme as folhas do calendário são viradas ou jogadas no lixo.

Bato meu recorde e passo mais de 24 sem te procurar. Não que nesse tempo todo eu não esteja morrendo por dentro e agindo como louca olhando para o celular de minuto em minuto para ver seus likes em fotos do Instagram ou se está online no WhatsApp.

Falar isso em voz alta me faz parecer ainda mais estúpida. Mas o que eu posso fazer? O amor não é racional e talvez ele realmente seja a droga mais pesada e todos esses anos que passei consciente da minha resistência às drogas ilícitas ou lícitas tenha caído por terra quando me viciei em você, no seu cheiro e no gosto do teu beijo.

Hoje, me arrependi de ter entrado no ônibus para voltar para casa da última vez. Me arrependi dos segundos que perdi sem te curtir sendo minha. Me arrependi dos beijos que não dei, das vezes que não me permiti ser louca e pegar o primeiro ônibus só para te abraçar. Hoje, mais do que nunca, me arrependi de todos os segundos que perdi brigando e deixando os hormônios da TPM nos afastarem.

Se eu soubesse que três semanas atrás seriam meus últimos beijos, abraços e carinhos, eu jamais teria te soltado. Eu jamais teria saído do seu lado. Eu teria dormido menos só pra poder te olhar mais. Eu teria te amado mais.

Carla Oliveira

Carla Oliveira Jornalista por formação, apaixonada pelos encantamentos diários por destino. Há 23 anos tenta escapar dos sentimentos, mas sem eles fica sem sentido. O cheiro que mais gosta é aquele teu que gruda na pele dela. Ah: canceriana, intensa, extremista e chata.

Você não tem nada a perder

Já pensou na consequência dos seus atos? Já pensou no medo de agir? Já pensou que você, de repente, pode perder tudo? Seria interessante se você descobrisse que não possui nada.

Somos matéria. Carne, osso, mente, espírito. Somos a integração do divino com o banal, do místico com o realístico. Somos animais que, inexplicavelmente, até hoje criamos coisas que ainda não somos capazes de entender.

Muitos séculos já se passaram e ao decorrer dos anos o conhecimento foi se acumulando e tomando diversas formas variadas. Aprendemos a matemática, aprendemos biologia, aprendemos a física, dominamos as línguas, aprendemos a tecnologia, descobrimos a mente, estamos conhecendo o universo… E provavelmente você já se perguntou seu lugar nisso tudo.

Você já se questionou do porque está aqui, o que veio fazer nesta terra, qual o sentido da vida. E talvez você ainda não tenha encontrado nenhuma resposta plausível para nenhuma destas perguntas. E os motivos são óbvios. Você está aqui porque deve estar. E tudo está exatamente onde deveria estar.

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Somos ensinados desde pequenos, que temos que ser “alguém na vida”. A difícil tarefa de pertencer a alguma profissão que lhe traga satisfação pessoal, material, familiar – tudo em equilíbrio. Tentam nos ensinar a sermos super-heróis e o sucesso, muitas vezes, está ligado à quantidade de dinheiro que você consegue fazer.

Veja: quando nascemos, não somos dotados de nada além de pura fragilidade. Não somos possuidores – talvez até sejamos herdeiros e mesmo assim não possuímos – de absolutamente nada. Chegamos a este mundo como um ser indefeso, que necessita de cuidados e atenção e daquele momento em diante somos agraciados com coisas que passam pela nossa vida, que nos ensinam algo ou que se deixam ser usufruídas e que nos levam algo… Naquele momento, a única certeza que possuímos é que nada nos pertence.

Tudo o que temos nesta vida é emprestado. Você não possui seu carro, você não possui uma esposa, você não possui uma casa. Você está com um carro, você está com sua esposa, você está com sua casa. Estas coisas são emprestadas a você. Por isso, nunca, jamais, se apegue a elas.

Vejam, pode parecer paradoxal um liberal defendendo a não existência da propriedade privada. Ora, não é isso que estou fazendo. Aqui neste texto falo do sentido espiritual do ter, não do material.

Por mais que exista a ilusão de posse sobre algo ou alguém, ela acaba, inevitavelmente, na morte. Quando você desencarna, parte dessa pra uma melhor, cachuleta, bate as botas, ou simplesmente morre, e todas aquelas coisas que um dia você usou, voltam para o universo. E ele direciona para outras pessoas que irão usar aquilo que, um dia, você achou possuir.

Em suma, o seu direito de propriedade existe sobre a sua vida, sobre as suas escolhas, suas atitudes e sua moral. São seus feitos que ecoarão pela eternidade, não seus bens.

Tudo isso para lhe mostrar, apenas, que o apego prejudica nossa missão, e é em vão. Nada, e absolutamente nada, é digno de nosso apego. E eu não falo isso com facilidade. Aprendo da maneira mais difícil a desapegar, sempre que necessário. E a cada dia a tarefa de deixar fluir vai ficando mais fácil, mais sucinta, mais rápida.

Apegue-se, apenas, às suas realizações. Apegue-se ao bem. Apegue-se ao imaterial. É a única coisa que você levará contigo ao partir desta vida. Arrisque-se. Acredite nos seus sonhos, mude o mundo. Atreva-se. Agora você já sabe que não tem nada a perder.

Leonardo Lino 24 anos, publicitário, trabalha com Marketing Imobiliário e é um apaixonado por economia, política e filosofia. É um inimigo declarado do estado. Um minarquista pragmático. Tem como inspiração Ayn Rand e Ludwig von Mises. Gosta de falar abobrinhas, bobagens e jamais vai te levar a sério. Está aprendendo a escrever, desculpem os maus modos.

Saiba porque é fundamental assistir Sense 8

Esqueça todos os padrões que a televisão e o cinema tiveram. Esqueça os estereótipos. Foi isso que a Netflix fez com Sense8. Esqueceu os paradigmas que limitavam (e muito) uma nova forma de fazer superproduções.

Não foi a primeira vez que o sistema de streaming abriu as portas para temas tão ocultos dentro das cabecinhas fechadas da grande parte dos telespectadores. House of Cards mostra com perfeição todas as etapas e trapaças de um político até chegar à presidência, Orange Is The New Black foi outra produção original da Netflix que explorou (e muito bem) a realidade das mulheres presas em um presídio feminino. E, agora, Sense8 vem para botar a cara a tapa e explorar temas tabus.

É tanto gancho para escolher falar nessa publicação que me perco fácil, mas vou caminhar para o lado sensitivo – como diz o nome da série – e procurar fazer um parâmetro da série com o que vivemos atualmente.

A série relata a vida de 8 pessoas diferentes e, repare, todos os personagem vivem culturas diferentes. Por isso, a realidade de cada um é instigante. Temos Capheus, um jovem africano que é fã de Jean-Claude Van Damme e sua história se volta aos envolvimentos dele com gangues para conseguir remédio para a mãe HIV positiva; a economista Sun Bak é especialista em artes marciais e enfrenta uma família conservadora; no México, o ator de novelas e filmes de ação Lito, é um gay dentro do armário com medo de revelar sua sexualidade e perder a fama; já em São Francisco temos Nomi, uma transexual e hacker que tem um relacionamento fiel com Amanita e enfrenta oposições de gênero dentro da sua família; em Chicago, temos o policial Will, o drama de sua história são as suas lembranças do passado; em Mumbai, temos Kala, uma indiana que está prestes a se casar com um homem que não ama; em Berlim, o assaltante Wolfgang vive sempre em perigo; e, por último, temos a DJ Riley que vive em Londres tentando se recuperar da perda do seu marido e filho.

Essas 8 vidas são interligadas em situações precisas, algo os conectam e, cada vez que isso acontece, o clímax explode.

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Não vou entrar em nenhum termo técnico, mas é preciso se aprofundar na história de cada um e a direção de fotografia fez isso muito bem. Eu senti o que cada um sentia, torci para que os sensitivos entrassem em contato e que a especialidade de um pudesse ajudar o outro.

Mais do que ajudar o outro, os sensitivos sentiam a tristeza, a felicidade e a emoção de cada um deles, pois estavam no lugar do outro, mesmo seu corpo estando em outro continente. Genial, não é? Nós, que estamos tão perto um do outro, não conseguimos nos ver na situação do outro.

Me envolvi tanto com o jeito que os irmãos Wachowskis produziram a série que pude sentir na pele a dor que Lito sente quando seu namorado o abandona. Como ele se desespera, chora, rasteja e como ele se acaba sozinho em uma única cena, mostrando a quem quer que seja que um drama de relacionamento heterossexual também acontece nos relacionamentos homossexuais.

Em algum momento da produção você vai se identificar com o roteiro, com o texto, com o personagem e vai desejar ser um deles.

Sense8 escancara o lado emocional, ainda mais para quem só sabe usar a razão. Foi um tapa na minha cara e acredito que para muitas pessoas que encaram a vida usando a cabeça e não o coração. Afinal, sentir, se emocionar e usar o coração não é sinônimo de fraqueza. Pelo contrário, te faz humano!

Abram o Google ou o dicionário e procurem pela palavra EMPATIA, é disso que Sense8 fala.

Jamile Ferraz

Jamile Ferraz Jornalista, mas gosta mesmo é de romance barato. Virginiana com vida profissional, mas nunca conseguiu tomar um rumo na vida pessoal. Acredita em destino, mas nem tanto. Apaixonada por livros, cinema e a música é como combustível. Um dia vocês vão ouvir falar de mim.

A intolerância religiosa e o radicalismo cristão

Lá vou eu falar disso novamente. Não, eu não gosto de falar sobre intolerância religiosa, preferiria mil vezes falar sobre amor, mas as pessoas parecem insistir no ódio.

Que semana difícil para todos aqueles que acreditam na liberdade. Primeiro tivemos o caso da menina candomblecista de 11 anos que levou uma pedrada na cabeça ao sair do terreiro. Depois um médium foi amarrado, amordaçado e morto. Tudo isso no Rio de Janeiro e na mesma semana.

Segundo entrevista concedida à Folha de São Paulo, os agressores da menina gritavam “Vá para o inferno […] Jesus está voltando”. Pois bem. Já falei em outro post sobre o amor cristão e como era exatamente isso que Cristo NÃO queria em sua vinda à Terra. Que Ele pregou o amor, o perdão, andava com prostitutas, bandidos e até mesmo ao lado do cara que o traiu.

Jesus sabia de tudo isso e ainda pregou o amor, o perdão e a humildade. Mas o fanatismo religioso está destruindo todo e qualquer resquício dos ensinamentos dEle. É inadmissível que tenhamos, em terras ocidentais, um radicalismo que se assemelha ao Estado Islâmico. Não em números de atos terroristas (ainda?), ou em requintes de crueldade.

O que se assemelha é o ódio crescente que pastores e outros líderes religiosos têm disseminado em seus seguidores. Ódio a homossexuais, ódio a ateus, candomblecistas e a todos aqueles que possam dizer ou viver qualquer coisa que vá contra o que eles (os extremistas) acham correto.

Candomblé

Candomblé

Eu, como Umbandista (e gay, vejam!), me sinto duplamente atingido por essa violência. Não estou aqui, também, pregando uma cruzada cristofóbica. Não precisamos de guerra, precisamos de informação e amor. Precisamos viver aquilo que Cristo (ou Oxalá), nos ensinou. Precisamos tratar todo esse ódio, pois a raiz dele está fincada na desinformação, na alienação, no medo.

Então assumam o compromisso com vocês e com o mundo: que sejamos luz. Que ao nos depararmos com essa violência, possamos agir com sabedoria, discernimento e didática. Que possamos ensinar o amor de Cristo da maneira que Ele ensinou, amando. Vamos acabar com esse ódio. Vamos viver em paz. Vamos nos esforçar.

Leonardo Lino

Leonardo Lino 24 anos, publicitário, trabalha com Marketing Imobiliário e é um apaixonado por economia, política e filosofia. É um inimigo declarado do estado. Um monarquista pragmático. Tem como inspiração Ayn Rand e Ludwig von Mises. Gosta de falar abobrinhas, bobagens e jamais vai te levar a sério. Está aprendendo a escrever, desculpem os maus modos.

Será que o amor realmente existe?

Às vezes paro e me pergunto se o amor – aquele idealizado e inspirado nos filmes água com açúcar – realmente existe. Não é ceticismo ou desilusão romântica, acredito que seja somente canseira: de esperar ou acreditar, não consegui definir ainda.

Será que, de fato, existe uma pessoa te procurando, no mesmo momento em que você procura por ela? Aparentemente, uma alma busca por outra que, naquele momento, não está procurando nada com nenhuma outra alma (isso se ela não estiver presa em algum relacionamento passado que se recusa a deixar passar dentro de si) e assim sucessivamente. Será que o amor é que não existe ou são as pessoas que não o deixam acontecer?

Não acredito em momentos errados, a gente conhece quem tem que conhecer no segundo que o encontro acontece. Acredito unicamente que toda e qualquer relação exija disposição e trabalho recíproco para acontecer. Segundos encontros não acontecem ao acaso, é preciso ligações no dia seguinte, demonstrações de afeto e sentimento sincero.

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Não sei dizer se é a minha Vênus em Virgem ou o tempo que me endureceu, mas não consigo visualizar a cena de ser pedida em casamento. Não visualizo a cena de, em um domingo de manhã, preparar – ou receber – um café da manhã na cama para alguém.

Deixo as portas abertas para quem quiser se aproximar e chegar o mais perto possível: todo aquele que quiser deixar minha casa mais feliz é bem-vindo. O problema é que, pelo que vejo, ninguém mais está interessado em alegrar a casa de ninguém, a não ser a sua própria. E não me excluo dessa lista.

Com o tempo e a convivência com essa geração – a minha –, fui obrigada a também pensar mais em mim. Se um dia receberes minha doçura e atenção, é porque foi merecido tê-la e pelo meu lado canceriano nunca me deixar desacreditar de poder encontrar alguém que seja merecedor da minha atenção e preocupação excessiva, desse meu romantismo que não morre.

Será que o tempo se encarregará de mudar as ideias de hoje? No fundo, no fundo, espero que sim.

Carla Oliveira

Carla Oliveira Jornalista por formação, apaixonada pelos encantamentos diários por destino. Há 23 anos tenta escapar dos sentimentos, mas sem eles fica sem sentido. O cheiro que mais gosta é aquele teu que gruda na pele dela. Ah: canceriana, intensa, extremista e chata.

Você é interessante, as pessoas que não são interessadas

A conversa de um aplicativo de “pegação” se estendeu para uma conversa mais privada no whatsapp e tudo que precisávamos para ter certeza sobre estarmos fazendo a coisa certa era nos conhecermos pessoalmente.

O encontro foi razoável, mas as perguntas não fluíram muito bem, nem sobre minha banda favorita ou sobre qual escritor me agrada mais. Ela nem perguntou sobre a minha profissão ou de qual filme eu prefiro assistir aos domingos.

Voltei para casa me perguntando qual seria o meu nível de interesse para as pessoas: será que meu estilo musical, meu gênero literário ou meu paladar não são coisas interessantes? Ou será que a minha sintonia não estava em sintonia com o resto do mundo?

Relevei qualquer hipótese e apelei para outro encontro. Dessa vez, as perguntas saíram da minha boca, a curiosidade estava em mim e tudo que ganhei em troca foi a pergunta que menos me agradou (“com ou sem catupiry?”).

Comecei a rever alguns gostos e pesquisar pessoas que se interessavam pelas mesmas coisas que eu na tentativa de não me encaixar na parcela da sociedade que não é nem um pouco interessante.  Parei de buscar pelas pessoas e me concentrei nas que estavam perto de mim, afinal, elas sim tinham algum motivo para gostarem de mim. Fiz uma avaliação mental de tudo que eu era e outra avaliação externa questionando meus amigos sobre o que em mim os atraía.

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Entre turbilhões de pensamentos e conflitos sobre ser ou não ser um alguém que desperte a curiosidade das pessoas, concluí que eu tenho muito a oferecer para as pessoas. Besta de quem não perguntar como foi meu dia, porque eu sei que eu faço de cada dia uma aventurazinha diferente. Tenho pena é de quem que não pergunta sobre meu gosto literário quando eu tenho ideias tão lindas. As pessoas perdem em não conhecer meu gosto musical, porque ele é diferente e diz muito sobre meus sentimentos.

Mas a solução não tinha chego ao fim. Revistei os arquivos que andavam perdidos na minha memória para entender o porquê eu não conseguia encontrar alguém que mostrasse interesse. Estava na cara.

Minhas referências sobre interesses pessoais se resumiam a uma pessoa que nem se interessava mais por mim. É irônico, né? Alguém que assume a responsabilidade de perguntar como foi seu dia, de cozinhar porque sabe que você adora massas ou de ir até a padaria e fazer uma surpresa com coca-cola : tudo porque essa pessoa sabe de você.

Cômico me deparar com a referência de uma pessoa que odiava meu gosto musical, mas acertava nas estampas das camisetas. Estranho me deparar com alguém que sabia mais de mim do que eu mesma e, hoje, nem se importa em me questionar se o emprego novo está me fazendo feliz ou se o término da faculdade me trouxe algo de bom.

Depois que você bate de cara com essa realidade, tudo que você pensava estava errado. Suas referências sobre quem se encanta por você mudam. Afinal, você é interessante, as pessoas que não são interessadas.

Jamile Ferraz

Jamile Ferraz Jornalista, mas gosta mesmo é de romance barato. Virginiana com vida profissional, mas nunca conseguiu tomar um rumo na vida pessoal. Acredita em destino, mas nem tanto. Apaixonada por livros, cinema e a música é como combustível. Um dia vocês vão ouvir falar de mim.

Um Eu Sem Você #4 – 7 de Outubro

“O tempo torna tudo mais lento e pesado”. Essa é a frase que ficou na minha cabeça após lê-la no livro que comprei pouco antes da última vez que te vi. Assim como no livro, o segundo dia torna tudo ainda mais pesado para um coração que já está cansado de lutar.

Mais um dia e tudo o que eu queria era ficar aqui, nessa cama. Eu sei que o Chico discordaria e diria que é inútil dormir que a dor não passa, mas ela parece bem mais fraca enquanto vivo no mundo dos sonhos.

Enrolo durante todos os minutos que posso e não posso para evitar mais um dia de realidade. Cumpro as mesmas tarefas matutinas antes de partir para mais uma jornada de trabalho: o trabalho que me garante o rendimento financeiro todos os meses e o trabalho de não deixar isso – a sua falta – me afetar ainda mais.

Sentada no banco do ônibus, minha cabeça voa instintivamente para a noite em que conheci seu beijo. Você estava com uma camiseta de oncinha. Era a mais linda de todo o bar. Como eu poderia esquecer isso?

Quando meus lábios tocaram os seus, eu tive certeza de que estava completamente perdida. Eu só esperava que dessa vez, com você, fosse diferente. Sabe? O seu toque, o seu carinho… Apenas a sua presença, pra mim, já era mais que suficiente. O ônibus passa em um buraco, volto um pouco à realidade e penso no quão difícil vai ser guardar toda essa saudade no meu baú imaginário repleto de afetos mal acabados.

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As horas se arrastam. Parece que nunca demoraram tanto para passar. Já não consigo mais produzir com tanta eficiência e atenção. Eu perdi a graça das piadas, as cores dos dias, o brilho nos olhos e, talvez, a esperança. Agora eu sinto tudo como se não tivesse mais volta. Olhar pra trás me soa como burrice.

Hoje eu li um texto e cheguei à conclusão de que acho que você é meu cigarro. E eu nem mesmo fumo.

No caminho de volta pra casa, me perco ainda mais em pensamentos, sonhos e planos que não se realizarão e quase perco o ponto para descer do ônibus. Em casa eu sei que terei um bom motivo para esquecer um pouco dessa pedra em cima do meu peito.

Minha sobrinha enche minha noite de alegria, de uma felicidade tão simples que eu não tenho como me permitir ficar triste. Mas eu peco e, vez ou outra, entre deixá-la de ponta cabeça ou brincar com o Poney, penso no meu desejo de querer dividir isso com você.

A minha florzinha, somada à sua companhia, era minha paz e felicidade plena. Ela adormece em meus braços e novamente meu pensamento era no quanto eu queria ter isso com você. Coloco-a na cama e me preparo para deitar também.

Durante o dia, guardei momentos que gostaria de dividir com você e que jamais irei. O estagiário-redator da agência me conta que vai pra outra agência, e eu penso em dividir com você. Meu chefe elogia meu trabalho, e eu queria que você soubesse. Fui jantar no meu pai, e eu acredito que você iria gostar de saber e participar disso, afinal, você é uma das poucas e únicas pessoas que sabem da minha história com ele. Minha sobrinha age da maneira mais linda, e eu queria gravar e mandar pra você.

Nos 45 minutos do segundo tempo eu perco mais uma vez essa luta e te procuro. Mas, dessa vez, é diferente. Você está mais distante do que jamais vi. Você mal responde, mal se importa. Parece que já esqueceu. Parece que todas as declarações, planos e sentimentos sequer existiram.

E eu sinto tudo que já senti por todas as outras milhares de vezes em que acreditei e dias, meses depois a vida me provou que eu não deveria ter acreditado.

Ao invés de aliviar o peito, ele incha mais. As lágrimas saem freneticamente, mas parece que quanto mais elas saem, mais a dor aumenta.

Carla Oliveira

Carla Oliveira Jornalista por formação, apaixonada pelos encantamentos diários por destino. Há 23 anos tenta escapar dos sentimentos, mas sem eles fica sem sentido. O cheiro que mais gosta é aquele teu que gruda na pele dela. Ah: canceriana, intensa, extremista e chata.