Será que você me ama?

Nos últimos meses meu coração tem estado do avesso e em meio aos incansáveis questionamentos que faço durante as noites de insônia, a pergunta que mais me intriga para saber a resposta é: será que você me ama?

Recordo nossos encontros diários de 15 minutos e me alegro em saber o quanto nosso relacionamento cresceu ao longo do tempo, graças a este curto espaço na nossa rotina universitária. E foi no meio acadêmico onde o medo da exposição se rompeu, sendo admirados até mesmo entre os professores mais conservadores que defendiam nosso namoro e se alegravam com nossa cumplicidade, respeito e inteligência. Os desafios do caminho não barraram a possibilidade de construirmos sonhos e planejarmos nosso futuro.

O vazio que ficou após sua despedida é um sentimento misto, que por vezes se desaba em choro ao recordar o quanto meu coração te tratava como realeza. Em outros dias aparece a culpa pela indisponibilidade, expondo minha covardia e medo em exigir mais liberdade dentro de casa, ou por ter feito e dito tantas besteiras depois que você se foi. Quando levamos socos e pontapés o coração nos obriga a reagir e isso chega a ser degradante a ponto de se considerar um crime. Há também aqueles dias em que sinto raiva e ódio por você ter jogado todos os meus sentimentos em uma lata de lixo com calúnias e injúrias, tendo eu que suportar a dor em te ver escrevendo “eu te amo” a outro homem.

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As verdadeiras amizades foram essenciais para minha recuperação e estavam sempre prontos para ouvir o choro, soltar um sermão ou me arrastar para a balada no fim de semana. A liberdade conquistei tarde para aproveitar com você, mas não me proibiu de viver aventuras ao lado de novos personagens. Só quem está ferido sabe a intensidade da dor e não importa quantos amigos você tenha, eles não conseguirão suturar o buraco no seu peito, mas tentarão te fazer sorrir novamente.

Um dos meus recomendou escrever. Relutei pelo incômodo em tocar na ferida, mas agora percebi o quanto isso me faz bem. Depois das mortes emocionais que enfrentei ao longo dos meses passados, as palavras agora começam a se fundir facilmente nas composições textuais.

Podem até dizer que sou louco por gostar de alguém que talvez não sinta o mesmo por quem sou, ou parecer insano quando só queria o perdão, acompanhado daquele abraço quente e forte, mas o tempo está se encarregando de deixar as mágoas no passado, mantendo vivas as lembranças de dias que teu sorriso espantava qualquer problema ou de quando sentávamos na grama ao fim da aula para contar as estrelas.

Muita coisa mudou dentro de nós e mesmo sem saber a resposta ao que dá título a este texto, sinto que algo nos mantém conectados. Talvez seja ódio, dor, repulsa ou algo semelhante, mas para mim é a certeza de que ainda te amo.

Jonathas Trevisan

Jonathas Trevisan Designer gráfico, adora gastar dinheiro com livros de arte ou romances policiais. Em registro constam 20 anos, mas às vezes parece um velho de 60. Dá livre curso às suas vontades, beirando o excesso, pois quer experimentar e explorar tudo o que for possível desta vida.