Saiba porque é fundamental assistir Sense 8

Esqueça todos os padrões que a televisão e o cinema tiveram. Esqueça os estereótipos. Foi isso que a Netflix fez com Sense8. Esqueceu os paradigmas que limitavam (e muito) uma nova forma de fazer superproduções.

Não foi a primeira vez que o sistema de streaming abriu as portas para temas tão ocultos dentro das cabecinhas fechadas da grande parte dos telespectadores. House of Cards mostra com perfeição todas as etapas e trapaças de um político até chegar à presidência, Orange Is The New Black foi outra produção original da Netflix que explorou (e muito bem) a realidade das mulheres presas em um presídio feminino. E, agora, Sense8 vem para botar a cara a tapa e explorar temas tabus.

É tanto gancho para escolher falar nessa publicação que me perco fácil, mas vou caminhar para o lado sensitivo – como diz o nome da série – e procurar fazer um parâmetro da série com o que vivemos atualmente.

A série relata a vida de 8 pessoas diferentes e, repare, todos os personagem vivem culturas diferentes. Por isso, a realidade de cada um é instigante. Temos Capheus, um jovem africano que é fã de Jean-Claude Van Damme e sua história se volta aos envolvimentos dele com gangues para conseguir remédio para a mãe HIV positiva; a economista Sun Bak é especialista em artes marciais e enfrenta uma família conservadora; no México, o ator de novelas e filmes de ação Lito, é um gay dentro do armário com medo de revelar sua sexualidade e perder a fama; já em São Francisco temos Nomi, uma transexual e hacker que tem um relacionamento fiel com Amanita e enfrenta oposições de gênero dentro da sua família; em Chicago, temos o policial Will, o drama de sua história são as suas lembranças do passado; em Mumbai, temos Kala, uma indiana que está prestes a se casar com um homem que não ama; em Berlim, o assaltante Wolfgang vive sempre em perigo; e, por último, temos a DJ Riley que vive em Londres tentando se recuperar da perda do seu marido e filho.

Essas 8 vidas são interligadas em situações precisas, algo os conectam e, cada vez que isso acontece, o clímax explode.

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Não vou entrar em nenhum termo técnico, mas é preciso se aprofundar na história de cada um e a direção de fotografia fez isso muito bem. Eu senti o que cada um sentia, torci para que os sensitivos entrassem em contato e que a especialidade de um pudesse ajudar o outro.

Mais do que ajudar o outro, os sensitivos sentiam a tristeza, a felicidade e a emoção de cada um deles, pois estavam no lugar do outro, mesmo seu corpo estando em outro continente. Genial, não é? Nós, que estamos tão perto um do outro, não conseguimos nos ver na situação do outro.

Me envolvi tanto com o jeito que os irmãos Wachowskis produziram a série que pude sentir na pele a dor que Lito sente quando seu namorado o abandona. Como ele se desespera, chora, rasteja e como ele se acaba sozinho em uma única cena, mostrando a quem quer que seja que um drama de relacionamento heterossexual também acontece nos relacionamentos homossexuais.

Em algum momento da produção você vai se identificar com o roteiro, com o texto, com o personagem e vai desejar ser um deles.

Sense8 escancara o lado emocional, ainda mais para quem só sabe usar a razão. Foi um tapa na minha cara e acredito que para muitas pessoas que encaram a vida usando a cabeça e não o coração. Afinal, sentir, se emocionar e usar o coração não é sinônimo de fraqueza. Pelo contrário, te faz humano!

Abram o Google ou o dicionário e procurem pela palavra EMPATIA, é disso que Sense8 fala.

Jamile Ferraz

Jamile Ferraz Jornalista, mas gosta mesmo é de romance barato. Virginiana com vida profissional, mas nunca conseguiu tomar um rumo na vida pessoal. Acredita em destino, mas nem tanto. Apaixonada por livros, cinema e a música é como combustível. Um dia vocês vão ouvir falar de mim.